por Valmir Nascimento Milomem
Sim. Se olharmos a graça divina simplesmente pela ótica humana, certamente que não conseguiremos entender nada, isso porque, aparentemente, a graça de Deus é injusta. Pergunte isso ao ciumento irmão do filho pródigo ou então aos trabalhadores da primeira hora (Mt. 19.20-16).
A graça é difícil de ser compreendida exatamente porque, como humanos, estamos atrelados à meritocracia. Para recebermos algo - pensamos – é preciso fazer algo em troca. Para ganharmos uma dádiva, necessitamos pagar um preço. Assim é a nossa mente. Eis a razão de sempre tentarmos justificar a nós mesmos, vivendo uma vida de legalismo ou nos martirizando por aquilo que fizemos, sem percebermos que com isso anulamos a graça de Deus.
Alguns dos primeiros judeus que haviam se convertido ao cristianismo no inicio da igreja primitiva também não conseguiram entender o mistério em torno da karis de Deus. Vários deles retornaram às práticas da lei mosaica, pondo em dúvida o poder redentor de Cristo. Por isso, os escritor da epístola aos Hebreus deixa dois conselhos valiosos. No primeiro ele diz: “Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno” (Hb. 4:16). E o segundo:”Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem”. (Hb 12:15)
A consequencia de se privar da graça divina é devastadora. Quem o faz vive à margem da plenitude do relacionamento com Cristo. E existem duas maneiras de se fazer isso: achar que não precisa dela ou imaginar que ela é boa demais para ser verdade. Ambas atitudes são perigosissímas. A primeira nos leva ao legalismo; a segunda, nos deixa sem esperanças quando confrontado com nossa incapacidade.
Graça não é para ser entendida conceitualmente, mas para ser aceita, vivida e desfrutada. Mefibosete que o diga (2 Sm. 9). Filho de Jonatas, aleijado de ambos os pés, morando de favores em uma cidade por nome LoDebar, tinha como única expectativa de vida a morte. O que ele não sabia é que Davi havia feito uma promessa ao seu pai, de que haveria de preservar a sua descendência. Exatamente em razão desse desconhecimento foi que Mefibosete não acreditou inicialmente na proposta de Davi: ir morar na casa real.
Mefibosete, que significa desonra despedaçada, se considerava um “cão morto”, alguém sem valor, desprezível. Foi difícil para ele entender a graciosa ação de Davi, de querer levá-lo para sua própria casa. Mas, independente disso, ele aceitou a graça e, como afirma o relato bíblico: “Morava, pois, Mefibosete em Jerusálem, porquanto de contínuo comia à mesa do rei; e era coxo de ambos os pés“. (2Sm. 9.13)
Essa é a promessa para todo ser humano: morar com o Rei. Basta aceitarmos a graça. Afinal, ela não é para ser entendida, mas sim, para ser vivida!
Pense nisso!
Fonte: como viveremos
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