quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Graça para ser vivida


por Valmir Nascimento Milomem

Durante essa semana conversei por alguns minutos com alguém acerca da graça de Deus. Essa pessoa me dizia sobre como era difícil para ela entender o tema. “Como conciliar o pecado do homem e a graça divina?” Ela me perguntou. “Graça” – disse eu – “não é para ser entendida, mas para ser aceita e vivida”.

Sim. Se olharmos a graça divina simplesmente pela ótica humana, certamente que não conseguiremos entender nada, isso porque, aparentemente, a graça de Deus é injusta. Pergunte isso ao ciumento irmão do filho pródigo ou então aos trabalhadores da primeira hora (Mt. 19.20-16).

A graça é difícil de ser compreendida exatamente porque, como humanos, estamos atrelados à meritocracia. Para recebermos algo - pensamos – é preciso fazer algo em troca. Para ganharmos uma dádiva, necessitamos pagar um preço. Assim é a nossa mente. Eis a razão de sempre tentarmos justificar a nós mesmos, vivendo uma vida de legalismo ou nos martirizando por aquilo que fizemos, sem percebermos que com isso anulamos a graça de Deus.

Alguns dos primeiros judeus que haviam se convertido ao cristianismo no inicio da igreja primitiva também não conseguiram entender o mistério em torno da karis de Deus. Vários deles retornaram às práticas da lei mosaica, pondo em dúvida o poder redentor de Cristo. Por isso, os escritor da epístola aos Hebreus deixa dois conselhos valiosos. No primeiro ele diz: “Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno” (Hb. 4:16). E o segundo:”Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem”. (Hb 12:15)

A consequencia de se privar da graça divina é devastadora. Quem o faz vive à margem da plenitude do relacionamento com Cristo. E existem duas maneiras de se fazer isso: achar que não precisa dela ou imaginar que ela é boa demais para ser verdade. Ambas atitudes são perigosissímas. A primeira nos leva ao legalismo; a segunda, nos deixa sem esperanças quando confrontado com nossa incapacidade.

Graça não é para ser entendida conceitualmente, mas para ser aceita, vivida e desfrutada. Mefibosete que o diga (2 Sm. 9). Filho de Jonatas, aleijado de ambos os pés, morando de favores em uma cidade por nome LoDebar, tinha como única expectativa de vida a morte. O que ele não sabia é que Davi havia feito uma promessa ao seu pai, de que haveria de preservar a sua descendência. Exatamente em razão desse desconhecimento foi que Mefibosete não acreditou inicialmente na proposta de Davi: ir morar na casa real.

Mefibosete, que significa desonra despedaçada, se considerava um “cão morto”, alguém sem valor, desprezível. Foi difícil para ele entender a graciosa ação de Davi, de querer levá-lo para sua própria casa. Mas, independente disso, ele aceitou a graça e, como afirma o relato bíblico: “Morava, pois, Mefibosete em Jerusálem, porquanto de contínuo comia à mesa do rei; e era coxo de ambos os pés“. (2Sm. 9.13)

Essa é a promessa para todo ser humano: morar com o Rei. Basta aceitarmos a graça. Afinal, ela não é para ser entendida, mas sim, para ser vivida!
Pense nisso!

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