segunda-feira, 29 de junho de 2009

Eu Queria Mais Tempo

Muitas vezes nós não sabemos aproveitar as bençãos de Deus em nossas vidas, principalmente a nossa família. Quando olhamos para trás vemos o quanto erramos, quando poderíamos ter acertado. O quanto magoamos, quando poderíamos ter amado. As vezes tentamos recuperar o tempo perdido, mas nem sempre dá mais tempo. Aproveite o seu tempo hoje para dizer o quanto você ama seus filhos, sua esposa, seu marido, seus amigos... Amanhã pode não dar mais tempo.

A difícil tarefa de recomeçar!


Como é difícil começar. A maioria das pessoas sofre de medo de iniciar e de pânico de reiniciar.

Iniciar depois que um dia se começou alguma coisa, porém, se caiu, é, todavia, bem mais difícil.

Sim! Porque no fazer “de-novo” depois da queda, tem-se que aprender a ciência do fazer sem a energia do começar, que, em geral, vem da ambição de provar o próprio valor, e, depois, prossegue pela simbiose entre sucesso e vaidade.

Aquele que um dia fez e caiu no que fazia, tem que se erguer de escombros de depressão, de tristeza e de realidade em estilhaços, e isso sem os ânimos do engano.

Eu sei o que estou falando. Já tive que me por de pé muitos e muitos dias apenas crendo que é em pé é que eu deveria estar. E dizia para mim mesmo: “Filho do Homem! Põe-te em pé e falarei contigo!”; ou ainda: “Que fazes aqui Elias?”; ou mesmo: “Das profundezas clamo a Ti Senhor!”

E para recomeçar?

Ah! Meu Deus!

Pesa mais recomeçar depois que já se teve muito ou quase tudo, do que quando nunca se fez ou teve nada. Sim! Pois se sabe que se foi por muitos labores que se chegou aonde se chegou [e de onde se caiu] — será por muitos e muitos mais trabalhos interiores e exteriores que se sairá de onde se caiu a fim de começar outra vez.

Na juventude se começa na ilusão e no sonho. Mas quando um dia a vida veio e se foi como trabalho e manifestação social da pessoa, e ela, todavia, tem que recomeçar, então, terá que fazê-lo sem as forças das esperanças não provadas pelo fogo da existência, e, assim, terá que realizar sem poder contar com o poderoso motor das ignorâncias filhas da ilusão.

Para recomeçar no sentido da vida só mesmo pela fé!

Talvez seja por essa razão que Abraão já não fosse jovem quando foi chamado; e já era um velho amortecido quando gerou seu filho Isaque. Talvez seja pela mesma razão que Moisés já fosse idoso ao ser chamado para conduzir o povo. Sim! Pois ambos já eram homens sem ilusões, e, por isto, eram homens apenas da fé, e não do entusiasmo dos tolos e ambiciosos, por mais puros que
fossem em seu entusiasmo iludido.

Abraão e Moisés não voltaram para suas casas empolgados e dizendo: “Oba! Surgiu-me uma grande oportunidade de mudar o mundo!”

Não! Foram decisões difíceis e graves. Implicavam em abandonar todos os passados.
Determinava uma decisão de rompimento com todas as coisas. Era como nascer de novo já velho, e sem as ignorâncias que animam a existência juvenil.

Enquanto a gente começa apenas na empolgação, a gente fica sem saber o significado de andar apesar de tudo, e de esperar contra a esperança.

Entretanto, seja qual for o começo ou o recomeço — ambos e ou todos eles só começam ou recomeçam com um passo simples.

Na juventude o salto é como o de uma lebre ao alcance de uma cenoura de chance na vida. Mas quando um dia se afundou no pântano das cenouras, o que de lá emerge é um mutante radical, pois, sai um jabuti, com casco pesado, com carapaça densa, com pele encascada; e lento; muito lento; muito no esforço... Mas sai!...

No entanto, quando tal pessoa-jabuti decide erguer-se, por mais difícil que seja, o faz movido por amor à vida, e não mais em razão das ilusões da vida.

Entretanto, terá que levantar-se muitos e muitos dias apenas em nome da fé e de seu amor pela vida, pois, muitas vezes, só terá esses elementos a pavimentar seu chão.

Houve um tempo em que eu ficava triste porque tinha que dormir. Hoje eu folgo a possibilidade de descansar. Entretanto, cada ação minha é muito mais apenas e tão somente o fruto de minha essência em fé e amor a Deus e à vida, pois, os motivadores da juventude todos eles se acabaram.
Hoje eu sei que a glória da segunda casa é maior do que a da primeira, pois, a primeira casa é feita pelas mãos movidas pela glória, enquanto as mãos que erguem a segunda casa são apenas movidas pelo amor simples.

Assim, quando faço muitas coisas apenas por consciência e não por empolgação, muitas vezes o faço entre suspiros pesados de cansaço, mas com grande alegria de verdade no coração, pois, a segunda casa não é gloriosa como a primeira, mas é simples, sincera e sem entusiasmos infantis.
Até Noé, depois do Dilúvio, antes de recomeçar, plantou uma vinha, pois, depois do Dilúvio a alma quer um descanso de alegria leve. Mas a vinha não lhe fez bem. Excedeu-se. E teve que viver com as conseqüências.

Depois do dilúvio eu fiquei parado entre plantar uma vinha e continuar direto da arca para a construção de algo que fosse a continuidade da vida.

Fiquei quieto!...

Decidi plantar um trigal, não um vinhedo. E levantei todas as manhãs e fui dormir quando o dia amanhecia, crendo que aquele que vai andando e chorando enquanto semeia, voltará com jubilo trazendo os seus feixes.

E é assim que levanto todas as manhãs. É assim que me levantarei todas as manhãs, se Ele assim me ajudar. Pois, quero andar sereno enquanto planto; certo de que se chora no caminho, mas, muito mais certo ainda de que os feixes de vida já estão prontos para que eu os leve em meus
ombros como carga de alegria da vida.

Nele,

Caio - Via: reflexoes

quinta-feira, 25 de junho de 2009

George Muller


É um dos mais notáveis homens de oração da história da igreja. Ele obteve mais de 50 mil respostas específicas a orações. Ele não apenas restaurou plenamente a questão da oração pela fé, mas pôde mostrar ao mundo a maravilhosa fidelidade de Deus. É mais conhecido por ter estabelecido vários orfanatos de grande porte, para os quais gastou 7 milhões de dólares, os quais foram dados como resposta a orações.

Nasceu em 27 de setembro de 1805, na Prússia (atual Alemanha). Na sua juventude foi um mentiroso, trapaceiro e ladrão, tendo passado algum tempo na cadeia, quando ainda tinha 16 anos, devido ao seu mau comportamento. Todavia, ele era um rapaz inteligente e seu pai o enviou ao seminário luterano em Halle (onde Zinzendorf havia estudado cem anos antes). Sem uma experiência real com Cristo, George continuou em suas atividades pecaminosas. Aos 20 anos de idade, conheceu um grupo de cristãos e, finalmente, encontrou Cristo. Então, passou a ler a ler a bíblia diligentemente, a gastar tempo em oração e a ir a reuniões cristãs.

Em 1929 Muller foi para a Inglaterra, na esperança ser treinado e enviado como missionário aos judeus. Naquele país teve contato com alguns dos membros influentes do recém-iniciado movimento dos “Irmãos Unidos” e, a partir de então, se tornou “um grande amante da Palavra de Deus”.

Sentindo que apenas a Palavra de Deus é o padrão para as questões espirituais, ele desligou-se da sociedade missionária. Em 1831, sentiu-se guiado pelo Senhor a ministrar a um grupo cristão em Teignmouth. A partir daí, começou a ver muito com relação à oração de fé. Recusou-se a aceitar um salário, que geralmente vinha do aluguel dos assentos no templo, e colocou no salão uma simples caixa para conter ofertas anônimas.

Em 1834 fundou o Instituto de Conhecimento Bíblico para a Inglaterra e Exterior, cujo objetivo era dar apoio a escolas para crianças, publicar e distribuir a Bíblia e outros materiais espirituais, e assistir a missionários que agissem de acordo com a Bíblia. Em 1835 começou a buscar a orientação do Senhor quanto a estabelecer casas para órfãos. Até 1850 já havia construído orfanatos de grande porte, abrigando, alimentando e vestindo mais de 2 mil órfãos. Tudo o que foi conseguido para a construção e manutenção dos orfanatos era resultado de oração, porque ele jamais tornava conhecidas as necessidades do orfanato, e assim por sessenta anos! Muller jamais aceitou a ajuda de incrédulos. Nesse período, aprendeu grandes lições de fé. Ele aconselhou os cristão a fortalecerem sua fé através da oração e meditação na Palavra. Também encorajou os que crêem a manterem um coração correto, a não retrocederem nas provações e a darem caminho e tempo para Deus trabalhar neles. Muller é também conhecido por ter lido a Bíblia 200 vezes, cem das quais de joelhos! A sua congregação, em Bristol, mantinha uma posição não sectária.

A partir dos 70 anos de idade, realizou várias viagens através do mundo para pregar o evangelho e a Palavra de Deus. Num período de 17 anos pregou a aproximadamente 3 milhões de pessoas. George Muller morreu em Bristol, aos noventa e três anos de idade.

Adoração ou bajulação?


Tenho ensinado que há uma linha tênue entre a adoração e a bajulação. É muito fácil deixarmos de adorar ao Senhor por aquilo que Ele é e começarmos a bajular-lhe com as nossas músicas, louvor, dons e talentos a fim de recebermos dele o que necessitamos. Somos ensinados a buscar os acréscimos e não o Reino de Deus. Veja Mt 6.33.

Certo dia conversando sobre estas coisas com uma pastora que passava férias em minha casa, ela disse-me que determinado dia em sua igreja um irmão muito simples aproveitou que foi dada uma oportunidade na igreja para quem quisesse se expressar e foi à frente. Muitos ficaram temerosos com o que ele iria falar, pois era uma pessoa muito simples e tinham medo de que falasse alguma baboseira. Este irmão simplesmente deixou uma indagação para a igreja. Ele fez a seguinte pergunta: - Se o Senhor Jesus lhe dissesse que ao final de sua vida você não iria para o céu mesmo sendo obediente em tudo, qual seria a sua reação? Esta pergunta gerou uma manhã de discussão teológica entre os pastores daquela igreja, porém revelou algo muito importante que já vou lhes dizer, porém depois de relatar que depois de terminada aquela conversa com a pastora saí de casa e levei a mesma pergunta para a sala de aula do seminário.

Fiz a mesma pergunta aos meus alunos e disse-lhes para esquecerem por um momento as questões teológicas, pois alguns logo poderiam dizer que se uma pessoa foi fiel ela iria para o céu. As respostas foram surpreendentes. De uma delas eu me lembro com muito assombro. Uma aluna disse:

- É como se o chão se abrisse sob os meus pés! Se eu não puder ir para o céu de que faz sentido ser obediente?

Eu perguntei-lhe o que ela faria então? E ela disse-me:

- Eu voltaria para o mundo e aproveitaria tudo aquilo de que tenho sido privada!

A maioria das respostas seguiu neste mesmo tom, entretanto um aluno me surpreendeu. Ele disse que não era obediente e fiel aos princípios bíblicos apenas porque queria ir para o céu. Ele era obediente e fiel porque amava a Jesus e se no final Jesus achar que ele não merece ir para o céu o que importa é viver a vida amando a Jesus!

Como aqueles pastores reunidos debatendo sobre a indagação daquele irmãozinho constatei uma tremenda verdade vivida por muitos crentes:

Muitos se escravizam com o desejo de ir para o céu!

Mas como assim?

Há muitos crentes que têm como alvo ir para o céu, pois lhes foi prometido que lá toda a dor vai cessar. Lá será um lugar de descanso, de alegria e satisfação. As pessoas sabem que na outra ponta do espectro está o inferno esperando por aqueles que são desobedientes ao Senhor e pelo medo de ir para lá se esforçam para alcançar o céu.

O problema é que no meio de tudo isso esquecem-se que o nosso maior galardão não é o céu ou qualquer outra coisa que Deus queira nos dar na eternidade. O nosso maior presente é o gozo, a alegria, a satisfação de estar pertinho de Jesus. Se Jesus estiver no céu eu quero estar lá! O céu sem Jesus não faz sentido algum. De que adianta ruas de ouro, mansões adornadas com pedras preciosas e outras coisas se Jesus não estiver lá?

O bom é que nós podemos gozar de sua presença enquanto estamos aqui nesta vida. Observe este texto:

“Se me amardes, guardareis os meus mandamentos... Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama. E quem me ama será a amado de meu pai e eu também o amarei e me manifestarei a Ele” (João 14.15 e 21)

Este texto deixa claro que a nossa obediência deve ser conseqüência do amor ao Senhor e ainda há uma promessa: Se o amarmos seremos amados e o Senhor se manifestará a nós! Jesus não está falando que se manifestará no dia do juízo final. O contexto aqui é a vinda do Espírito Santo como consolador. Se o amarmos de verdade o Espírito Santo será o nosso ajudador, intercessor, consolador, advogado e amigo. Estas são algumas das traduções da palavra “Parakletos” no grego!

Você querido irmão é amante ou prostituta? Adora ou bajula? Ama ao Senhor ou ama o céu e os favores do Senhor?

Pr. Valdecy de Jesus Marques - Igreja de Deus em Cabuçu

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Apóstolo Apostrofado



Pastor João A. de Souza Filho

Vez que outra meus conhecimentos bíblicos e teológicos estremecem diante do que acontece no meio evangélico. Estremecem porque fico a pensar se estou atrasado no tempo e na revelação. Como sei que não estou atrasado no tempo, preocupo-me se não estou atrasado em termos de revelação. Deixe-me explicar. Nesses últimos 30 anos venho sonhando, almejando e trabalhando por uma nova reforma da igreja, que inclui também uma restauração de ministérios. Como prova desse anelo um de meus livros contribuiu grandemente para a reforma litúrgica de nossos cultos. Editado em 1986 O Ministério de Louvor da Igreja tornou-se um must a todos os dirigentes de culto. A partir de lá recuperamos muito do que havíamos perdido em nosso louvor e adoração!
Também sou um grande entusiasta da reforma ministerial que inclui uma nova visão e apreciação dos ministérios apostólicos para a igreja. Não tenho dúvidas de que os ministérios apostólicos citados em Efésios 4.11 – apóstolos e profetas - são também para os nossos dias e não apenas os de mestre, evangelistas e pastores. Por que aceitamos os ministérios de pastor, mestre e evangelistas e desprezamos os de apóstolos e profetas? No entanto, quando com maior profundidade estudo sobre os ministérios, fico a pensar se não seria melhor deixar esse assunto de lado. Sabe por que? Porque a pouca e difusa luz que temos sobre o assunto gerou um apostolocismo diferente do dos tempos bíblicos, pois, convenhamos, uma coisa era ser apóstolo ou profeta nos dias da igreja do Novo Testamento, outra bem diferente é ser apóstolo ou profeta nesses dias. A megalomania de muitos pastores corrompeu e chafurdou o verdadeiro sentido desses ministérios! E uso a palavra chafurdar no seu sentido mais real possível!

A começar que gostaria de ser um apóstolo como Paulo de Tarso e não como os de hoje! Paulo era apóstolo mesmo. Nunca esteve no governo da igreja. Ele estabelecia líderes, nomeava-os perante a igreja e botava o pé na estrada, ora para fortalecer os irmãos, ora para começar novas comunidades. Os de hoje botam o pé na estrada também – mas para fazer turismo. E quando estão na cidade encostam a espalda em confortáveis cadeiras, cercados por secretárias e assistentes que lhes cumprem as ordens! Posso afirmar que mesmo tendo o título de apóstolos e sendo consagrados ao apostolado, apóstolos que continuam governando a igreja não são apóstolos. O verdadeiro apóstolo não governa, nem fica plantado liderando uma igreja local nem nacional. Até porque o apóstolo foi dado à igreja e não para um determinado grupo apenas!
Paulo não era aceito como apóstolo nem mesmo pelas igrejas que fundou e jamais tentou impor-se como tal. Até pensou em se defender, mas foi sufocado por um espinho na carne que não lhe permitia orgulhar-se diante da grandeza das revelações! Vivia com o suficiente para si e distribuía o que ganhava com os membros de sua equipe; já os apóstolos de hoje.... Seu estilo de vida testifica contra eles!

Gostaria que Paulo deixasse bem claro que apóstolo é o mesmo que enviado.
Ele pelo menos poderia ter dito: "Irmãos, no idioma que falamos, o grego, a palavra para enviado é apóstolo; no latim a palavra é missionário." Pelo menos Paulo ajudaria os líderes do século XXI a desvestir a pomposidade do nome; ajudaria essa geração a entender o verdadeiro sentido do ministério, eliminando a megalomania que a palavra assumiu nesses dias. Mas um missionário é termo humilde, não é? Missionário passa trabalho, tem que ir a outros países, viver entre as gentes...

Se Paulo soubesse o que iria acontecer no fim dos tempos teria deixado uma série de recomendações aos futuros apóstolos, mas não deixou nem mesmo um versículo bíblico que defina o verdadeiro apóstolo, a não ser por dedução teológica. Jesus foi Apóstolo. Olhe sua vida. Seus discípulos abraçaram o apostolado até as últimas conseqüências, todos eles morrendo pela causa do evangelho, exceto João - para que tivéssemos a última revelação! Paulo defendeu, como muitos hoje, seu apostolado, depois achou que era o menor dos apóstolos, mas pensando bem, descobriu que era pecador, e finalmente definiu-se como o principal dos pecadores!

Tentei enumerar as últimas idiossincrasias de nosso clero brasileiro e, pasmem, não consegui de tantas que são! Acho que nem é uma idiossincrasia porque não se trata aqui de um desvio ou de uma conduta peculiar de um indivíduo, mas de um problema que transcendeu a individualidade e se tornou uma praga clerical. Eu denominaria o que está acontecendo na igreja hoje como má formação espiritual congênita. Síndrome apostólica! Apareceram apóstolos não se sabe de onde! Não há dúvidas de que alguns – especialmente os que não usam o título - o sejam, mas outros...E pior, consagrados por mulheres! Eis a verdade que muitos não querem ouvir! Em vez dos homens líderes escolherem as mulheres que ajudarão no ministério, são elas que definem quem são os verdadeiros apóstolos! Em vez de homens conhecidos como homens de Deus serem vistos impondo as mãos, lá estão elas impondo as mãos sobre eles! É que elas também são apóstolas! Veja bem: nada de machismo aqui, apenas uma reflexão em busca de coerência espiritual!

Um desses apóstolos define a si mesmo como o enviado das nações. Mas cá para nós: esse negócio de apóstolo está ficando desgastado e, convenhamos, como o título apóstolo ficou pequeno diante de tanto apostolicismo, esses dias li a carta de um homem que defendia seu novo título: Patriarca! Não. Ele não estava brincando. Esse desconhecido que pastoreia em algum lugar do país se considera um patriarca da Igreja! E assinou a carta como Patriarca fulano de tal!

Que Deus tenha misericórdia de nós e que Jesus volte logo! Senão...

Seus olhos foram abertos


A mulher viu que a árvore era bonita e que as suas frutas eram boas de se comer. E ela pensou como seria bom ter entendimento. Aí apanhou uma fruta e comeu; e deu ao seu marido, e ele também comeu. Nesse momento os olhos dos dois se abriram, e eles perceberam que estavam nus. Então costuraram umas folhas de figueira para usar como tangas. – Gn 3.6,7

Aos comer do fruto, seus olhos se abriram. Eles buscaram entendimento e conseguiram. Mas, morreram por isso. Na verdade seus olhos começaram a se abrir a partir do momento que ela começou a escutar o que a serpente tinha para lhe falar. A serpente lhe disse que Deus havia proibido de comer daquele fruto por saber que, se eles comessem dele, seriam semelhantes a Deus, teriam muito entendimento. No coração, a mulher já começou a ver a Deus de outra forma e passou a suspeitar dEle. Seus olhos foram abertos. Seus olhos passaram a ver a vida de outra forma. Este é o abrir os olhos através da árvore do conhecimento. Este é um abrir os olhos no qual a pessoa, por causa do conhecimento, passa a ver os outros de outra forma.

Quando alguém vem nos trazer um conhecimento que nos faz perder a inocência, e nos faz ver malícia em tudo e em todos, estamos comendo do fruto que mata.

Algumas pessoas eram mais felizes e viviam bem, quando não sabiam nada acerca dos bastidores da vida. Não é que elas gostavam ser tapeadas ou manipuladas por outros. Era a inocência e fé com que eles viam a vida e o caminho no qual entraram. Mas, um dia alguém lhes abriu os olhos e a inocência foi embora. A pessoa se convenceu que estava amadurecendo. Mas, esta “maturidade” só fez com que ela percebesse a nudez do outro. É, a inocência foi embora.

Após terem sido abertos os olhos, todo mundo é culpado até que prove o contrário. Após terem sido abertos os olhos, aqueles mesmos que foram instrumentos de bênçãos para a sua vida, começam a serem vistos com suspeita. Após terem sido abertos os olhos, a pessoa começa a costurar roupas de folhas que, mais cedo ou mais tarde cairão, mas que por hora servem para encobrir sua própria nudez desde que ele enxergue a dos outros. Por fim, a pessoa morre, e mata outros.

Mas, que devemos fazer? Ser cegos? Não. O que devemos fazer é nos alimentarmos do fruto da árvore da vida. Quando nos alimentamos deste fruto, vemos a nudez das pessoas e a nossa sendo cobertas pela pele do inocente que foi morto para que túnicas fossem tecidas. Passamos a ver que Deus sabe tratar com cada um e que o Espírito Santo não é incompetente. Vemos sim as imperfeições das pessoas, mas vemo-las com esperança, pois o amor tudo espera (1 Co 13.7). As próprias folhas da árvore da vida são para a saúde das nações, então podemos ter esperança de cura. Quando se come deste fruto, temos iluminados os olhos do nosso entendimento, para que saibamos qual é a esperança da nossa vocação e quais as riquezas da glória da nossa herança nos santos e qual a sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder, que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dos mortos e pondo-o à sua direita nos céus, acima de todo principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro. E sujeitou todas as coisas a seus pés e, sobre todas as coisas, o constituiu como cabeça da igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos (Ef 1.17-22).

Não, esta reflexão não é um convite a fecharmos os olhos e deixarmo-nos ser enganados, pois estamos no meio de lobos. Entre lobos devemos ser símplices como as pombas, mas prudentes como serpentes (Mt 10.16). Mas, é só a prudência da serpente que deve ser imitada, não seu veneno. Veneno mata. Esta reflexão é só um convite a nos alimentarmos mais da árvore da vida. Os vencedores se alimentam dela (Ap 2.7). Esta reflexão é só um convite a deixarmos os mortos sepultarem os mortos enquanto seguimos a Jesus (Mt 8.22).

Pr Edmilson [reflexoes]

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Igreja emo-cional versus Igreja racional.


As Escrituras Sagradas há muito já perderam seu lugar de supremacia. Há uma chuva de visões, sonhos e novas revelações que contradizem totalmente o modelo bíblico de revelação de Deus aos homens. “Está consumado” e “quem adicionar um til a esta palavra” parece ser uma colocação desnecessária para certos lideres da igreja atual. Vive-se uma fase de novas idéias, projetos, ministérios, sem, contudo trazer os mesmos para o centro da Palavra de Deus. Quando se usa o texto sagrado, tem-se o verdadeiro sentido de usar alguma coisa, manipulando o texto de forma a dominar o povo que deseja seguir uma religião de retorno para Deus e não de sacrifícios tolos. Preferindo viver sob revelações de seus profetas modernos e mesmo de anjos (como se fosse possível), a igreja atual segue revivendo a forma fétida de séculos atrás.

Não querendo fechar questão sobre o assunto, penso que um dos motivos para esse estado de coisas seja a falta de honra para o ensino nas igrejas. Vivemos no século 21 com um ensino ultrapassado de literaturas que já não apresentam conteúdo pratico, se não para quem as vende. Ainda na esfera do ensino, já não se ouve mais falar daquilo que é realmente interessante. Soberania de Deus? Que nada. Você tem que decretar e ele vem correndo como um serventezinho te atender. Afinal de contas, você “foi chamado por cabeça e não por cauda”. Foi chamado para “reinar em vida”. Doença? Você não deve aceitar, afinal de contas você é salvo e ser salvo significa perder a condição humana passando para um estágio de super-homem que não fica doente de forma alguma, a menos que você esteja em muito pecado. Você é pobre? Dificuldades financeiras? Porque você quer, pois Deus quer que você seja próspero, e te dá liberdade de exigir isso quando você o compra mensalmente com seus dízimos. Dói ouvir tanta besteira. A graça é suficiente? Nada disso, nem tão pouco o sacrifício. Viva ainda sob o peso de leis que sequer são bíblicas mas extra-bíblicas.

Com base em alguns argumentos de pseudo-santidade coloca-se o mundo num maligno mais poderoso que a própria bíblia descreve. Esquecem que quem domina tudo mesmo é o Senhor, inclusive este mundo que jaz no maligno.Já não se ensina viver uma vitória definitiva em Cristo, mas a viver em constante processo de libertações como se fosse necessário, além de sessões extras de libertação em alguns encontros específicos para este fim. Deve ser por este conceito podre de poder do diabo sobre tudo e todos que boa parte das igrejas pentecostais e neopentecostais precisem amarrar todo o mal antes do culto começar. Abram a porta! Jesus está cansando-se de tanto bater. Coloquem Jesus para dentro dos cultos e nada disso será necessário.

Não fosse suficiente toda essa gama de aberrações contra o verdadeiro conhecimento bíblico, há ainda os que pregam que, mesmo que você seja salvo, tem que buscar no seu passado as maldições que ainda pesam sobre você, fazendo de Cristo um impotente e fazendo da Escritura sagrada mentirosa quando ela afirma “se alguém está em Cristo, é nova Criatura, as coisas velhas já passaram, eis que tudo se fez novo”.

Manipulando os fiéis, a liderança da igreja usa textos para impor medo fazendo com que se tenha medo de expor o erro quando esse acontece na esfera dos pastores, bispos e outros mais. Não tocar no ungido do Senhor não é a mesma coisa de não questionar o ungido, principalmente se essa unção é questionável pelas suas atitudes mercantilistas, gananciosas e interesseiras. Nesse caso, deve não só tocar, mas expor o erro para que a igreja não continue sendo enganada e retirar o mesmo da posição que ocupa, a fim de não enganar mais a ninguém. Manipulam ainda através do conceito de dízimos e ofertas, afirmando que se um crente não entregar o dízimo é ladrão. Esquecem-se que a bíblia afirma que devemos contribuir segundo propôs nosso coração. Em outras palavras é uma relação entre eu e Deus e não entre eu e o Pastor da igreja.

Finalizando, não posso deixar de falar da idolatria feita a pastores, cantores, pregadores, adoradores, levitas, “avivadores” e outros dessa mesma linha. Pastores que só pregam por dinheiro e muito dinheiro e sempre trazem textos que dizem que o trabalhador é digno de seu salário, já estão fazendo parte do câncer moderno da igreja. Esquecem-se de que o ministério pastoral sempre foi um dom de Deus e não um título ou profissão.

O que dizer então do império do louvor que já se estabeleceu em nossas igrejas. Se você não louvar como determinado ministério de louvor, seu louvor não tem unção, se não incluir no repertório do período de louvor tal modinha nacional ou internacional de músicas gospel ou de louvor e adoração, não vale nada. Como se a unção fosse dada por nós e não por Deus. Seminários que se arvoram de meios para se ensinar o louvor, como se fosse possível ensinar. O que Deus precisa é de adoradores que o adorem em espírito e em verdade. Basta-nos este ensinamento e joguemos no lixo todo o resto.

É deprimente a onda de louvores-mantras com repetições intermináveis e em sua grande maioria falando do próprio eu, eliminando assim a centralização da pessoa de Deus. Vergonhoso é saber que você é discriminado por não levantar a mão, bater palmas ficar de pé, fechar os olhos, pular, dançar, falar qualquer coisa para o irmão do lado a mando do animador do culto. Isso é adoração espontânea? É isso que é ser adorador extravagante? É isso que é uma adoração com unção? A unção, repito, vem do Senhor e alcança o crente quando ele é salvo. Unção nunca vem por essas atitudes, no mínimo infantis.

Levitas? Que classe é essa? Ainda existe? Estamos na antiga aliança ainda? acaso somos judeus ? Os levitas da antiga aliança só cantavam e tocavam? Os de hoje (se é que existem) só sabem fazer isso. Talvez por que não estudem muito bem a Palavra e veja o verdadeiro significado da função. Não há hoje uma classe superior chamada levitas, como se quer pensar. Não há levitas entre nós hoje.

A igreja organização-instituição deteriora-se a cada dia e fede na sua própria putrefação. Abracemos à igreja genuína, como Corpo vivo de Jesus Cristo na terra sem a preocupação com modos, formas, dogmas, templos e regrinhas humanas, essa sim, imaculada e sem rugas e isenta de todas essas mazelas destruidoras.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Selos


Regras do Selo:1. Os beneficiários devem escolher 6 blogs que consideram merecedores deste prêmio para a criatividade, design, material interessante,e para contribuir com a comunidade de blogs em qualquer língua.2. Cada um dos 6 blogs selecionados devem incluir o nome do autor e um link para o seu site a ser visitado pelos leitores.3. O beneficiário deve mostrar o prêmio e indicar o nome e o link para o blog que foi entregue. Meus indicados são:

Alfredo Marins, Sinais

Rodolfo de Souza Costa, "A Liberdade em Cristo".

Wilma Rejane, A TENDA NA ROCHA

Márcia Branco, Ame Missões!

Luclécia Silva, Blog de Luclécia Silva

Tyrone Ferrara, Provident 360

Se você ainda não conhecia algum destes blogs, não perca mais tempo!
Este é o propósito maior dos selos, difundir a Palavra de Salvação e indicar aos irmãos ótimas opções de leitura edificante!


terça-feira, 16 de junho de 2009

Um Breve Dicionário Neocrentecostal.


Uma divertida forma de se decifrar termos evangélicos e as verdades praticadas hoje em dia pelos crentes nas “igrejas cristãs neocrentecostais”. Quer ser um crente-evangélico próspero, sem compromisso com a Bíblia Sagrada ?, creia e siga essa cartilha !.

Fé - Crer absolutamente naquilo que o pastor/apóstolo diga, sem duvidar e sem questionar.

Amor - Atender o chamado do pastor e/ou líder de louvor e dizer para a pessoa ao seu lado: “Eu te amo em Cristo Jesus”.

Promessa - Carro, casa, dinheiro.

Evangelismo - Mandar alguém ir à igreja.

Adorar - Chorar durante horas cantando algum tipo de música lenta e repetitiva e com gestos espontâneos ou koreografados.

Fidelidade - Qualidade mostrada no ato de dizimar/ofertar mensalmente.

Levita - Pseudo-músico que se acha superior aos demais por cantar e tocar.

Perdão - Ficar fora de comunhão sem tomar a ceia, e no banco sem exercer nenhuma atividade na igreja durante um tempo variável de acordo com o tamanho do pecado cometido.

Comunhão - Não ter ninguém te acusando ou falando a seu respeito.

Profeta - Expert em leitura corporal e oratória.

Deus - O cara responsável por abençoar quando mandado.

Espírito Santo - Um Ser que faz as pessoas caírem e receberem novas unções.

Jesus - Um cara que fez o oposto do que deve-se fazer.

Inferno - Lugar para onde os que não estão na igreja(templo) irão.

Diabo - O culpado por TUDO de ruim que aconteça aos crentes e aos ímpios.

Esperança - Ser tão rico quanto os apóstolos, bispos e pastores da TV e do Rádio.

Salvação - “graça” alcançada indo à igreja e sendo fiel (vide Fidelidade).

Unção - Algo que se recebe para se sentir superior aos outros.

Abençoado - Ser cabeça e não cauda.

Pecado - Infração cometida contra a igreja e variável com a cartilha.

Igreja - Templo luxuoso que exige fidelidade para sua manutenção.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

LIÇÕES DA CEIA DO SENHOR


O apóstolo Paulo, em sua Primeira Carta aos Coríntios, tratou de maneira objetiva sobre a Ceia do Senhor. Jesus mesmo instituiu esse sacramento como um meio de graça para sua igreja. Somente aqueles que foram remidos e lavados no sangue do Cordeiro e confessam o nome do Senhor Jesus devem participar desse banquete da graça. Só aqueles que discernem o que Cristo fez na cruz são chamados para participar desse sacramento. À luz do texto bíblico (1Co 11.23-34) queremos extrair quatro lições importantes:

1. Uma gloriosa mensagem é proclamada (1 Co 11.23-26) - A Ceia do Senhor foi instituída para que a igreja pudesse recordar continuamente o sacrifício vicário de Cristo na cruz em seu favor. Jesus fez grandes milagres e ofereceu à igreja sublimes ensinamentos, mas instituiu um sacramento para ser memorial da sua morte. Todas as vezes que nos assentamos ao redor da mesa da comunhão, estamos proclamando que o corpo de Cristo foi partido e dado por nós e seu sangue foi vertido como símbolo da nova aliança. A morte de Cristo é o eixo central do evangelho. Fomos reconciliados com Deus pela morte de Cristo. É pela sua morte que temos vida. Devemos anunciar a sua morte até que ele venha em glória.

2. Uma solene advertência é feita (1 Co 11.27) - Participar da Ceia do Senhor indignamente é um grave pecado. O indivíduo que assim procede torna-se réu do corpo e do sangue do Senhor. Como uma pessoa pode participar da Ceia de forma indigna? Fazendo-o sem discernimento espiritual, ou seja, sem crer no sacrifício vicário de Cristo. Não podemos nos aproximar da Mesa do Senhor de forma digna a menos que reconheçamos a hediondez dos nossos pecados e que foi por eles que Cristo verteu o seu sangue na cruz. Não podemos participar da Ceia dignamente a não ser que tenhamos plena consciência da nossa indignidade. Essa participação não é um privilégio do mérito, mas uma oferta da graça.

3. Uma ordem clara é dada (1 Co 11.28,29) - Sempre que somos chamados à Mesa da Comunhão olhamos para o passado e contemplamos a cruz. Olhamos para a frente e aguardamos a volta gloriosa de Cristo. Olhamos ao redor e acolhemos em amor os nossos irmãos. Mas, também, olhamos para dentro para examinarmo-nos a nós mesmos. Não somos chamados para examinar os outros, mas para examinar a nós mesmos. Se examinássemos detidamente os nossos próprios pecados, não teríamos tempo para ficar apontando os pecados dos outros. Um superficial exame do nosso próprio coração é que nos torna tão críticos e intolerantes com os outros.

4. Uma dolorosa realidade é constatada (1 Co 11.30-34) - A participação desatenta e descuidada da Ceia do Senhor produz resultados desastrosos. Em vez de edificação vem juízo. Em vez de deleite espiritual vem disciplina. Paulo menciona três níveis dessa disciplina: Enfraquecimento, doença e morte. Entre os crentes de Corinto havia gente fraca, enferma e alguns haviam sido ceifados pela disciplina divina. O pecado sempre produz resultados desastrosos, sobretudo, na vida dos crentes.

A Ceia do Senhor é um momento de auto-exame e arrependimento, mas também de profunda gratidão e alegria. Devemos nos aproximar da Mesa do Senhor com santa reverência e santo temor e ao mesmo tempo com profunda gratidão e imensa alegria. Devemos celebrar essa festa não com o fermento da maldade e da malícia, mas com os asmos da sinceridade e da verdade (1Co 5.7,8).

Rev. Hernandes Dias Lopes

sábado, 13 de junho de 2009

Você ainda está muito verde


Quando o pastor entrou naquele quarto de hospital ficou assustado com a situação do moço ali deitado. Ele havia passado por várias cirurgias e estava se recuperando das inúmeras facadas que havia recebido. O moço soube que havia um pastor no hospital e pediu que ele fosse até seu quarto, pois precisava de oração e de abrir o coração. O pastor sentou-se ao seu lado e escutou com atenção o rapaz contando sua história:

Ele havia saído do mundo das drogas e da criminalidade através de um grupo que lidava com pessoas que viviam nesta vida. Ele foi acolhido numa casa de recuperação que pertencia ao grupo que lhe apresentou o evangelho. Ele teve um encontro marcante com Jesus que mudou sua vida e fez com que ele abandonasse as ruas e as drogas.

A vida na casa de recuperação era na base de oração, Bíblia, cultos quase que todas as noites na capela que ficava na própria casa e disciplina. Havia hora para acordar, hora para ir dormir, hora para arrumar os quartos, hora da oração, hora da leitura bíblica, enfim, hora para tudo. Os dias ali eram bem puxados. Mas a alegria do encontro com Jesus fazia com que tudo aquilo fosse feito com alegria.

Após algum tempo, nos cultos que ali se realizava, começaram a chamá-lo para que contasse o seu testemunho. Desde a primeira vez que ele fez isso dava-se para notar que ele tinha uma desenvoltura grande com as palavras e que sua palavra tinha muita unção. Quando ele falava “o fogo caia”. O moço tinha futuro.

Numa noite, após um culto em que o moço havia falado, um homem que estava presente chegou-se a ele e começou a elogiá-lo muito e a dizer o quanto sentiu o poder de Deus fluindo através da sua palavra. Perguntou ao moço o que ele fazia ali na casa. Ele deu um resumo dos seus dias ali.
- O que! – disse o homem – um rapaz como você, possuidor do dom da palavra, passa seus dias aqui, varrendo chão, lavando roupas, lavando louças, enclausurado? Seu lugar não é aqui. Seu lugar é lá fora testemunhando para outros e pregando para multidões que serão abençoadas através de suas palavras. Aqui, você está enterrando seus talentos.

As palavras do homem atingiram o coração do moço em cheio. Enquanto o mundo lá fora estava sedento, ali estava ele. Será que era isso que Deus queria? Ele ficou com estes pensamentos vários dias.

Não agüentando mais, foi ao diretor da casa de recuperação e falou-lhe sobre o que vinha fervendo em seu coração. O diretor escutou e disse-lhe:

- Eu acho que você ainda está muito verde.

Ele saiu daquele escritório um tanto contrariado. “Verde. Como assim!”. Tudo o que ele queria era fazer a obra de Deus, pregar sua palavra.

Ele tentou acalmar-se com oração e meditação na palavra. Ele sentiu o que era a luta da carne contra o espírito. Quando ele pensava que estava conseguindo se tranqüilizar, vinha-lhe pensamentos dos mais diversos. “Estão com inveja de mim e tentam me barrar. Que negócio é este de estar verde”.

Por fim, o desejo de ser um grande pregador venceu-o e ele se foi. Saiu da casa e foi correr atrás de seu arco-íris.

A princípio parecia que tudo corria bem. Ele conseguiu convites para pregar em diversas denominações e estava com a agenda cheia por algum tempo. Juntamente com as portas abertas para pregar vinham as contribuições que cresciam cada vez mais e passaram a lhe proporcionar certo conforto. Quando se viu num bom hotel, dirigindo um bom carro, ocupando espaço em grandes púlpitos e se dirigindo a grandes auditórios, ele teve certeza que havia tomado o rumo certo na vida.

Mas...

O tempo foi passando e os convites para pregar foram ficando cada vez mais raros. Afinal, ele não era o único “ungido do Senhor”. A “concorrência” estava ficando feia. Com a diminuição dos convites, as contribuições também diminuíram. Com o nível de vida que ele estava vivendo agora, ele precisava de mais dinheiro para se manter. Como o dinheiro não entrava, cheques começaram a voltar, cartões foram bloqueados e seu nome ficou sujo. Mais um pouco e ele estava devendo para agiotas. Mais um pouco e ele não podia nem andar pelas ruas porque pessoas a quem ele devia queriam matá-lo. Daí a voltar para as drogas, foi um pulo.

Que pena! Lá estava o moço de volta para aquele inferno de onde havia saído. E para piorar, por confusão envolvendo drogas, foi pego numa emboscada e baleado. Achado em tempo, foi levado para um hospital onde ficou vários dias numa UTI entre a vida e a morte. Mas, ele conseguiu escapar daquela e, após meses de internação saiu do hospital, ainda um tanto fraco. No mesmo dia que saiu do hospital seus “amigos” de drogas o acharam e o encheram de facadas. Novamente ele foi socorrido e levado de volta para o hospital. E ali estava ele.

O pastor ouviu sua história em silêncio.

- o que eu faço da minha vida agora pastor? – perguntou ele entre lágrimas.

- Lembra-te de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras – disse o pastor citando o Apocalipse.

Ajudado pelo pastor, o moço saiu do hospital e foi à casa de recuperação de onde ele havia saído. Entrou no escritório onde o diretor, aquele mesmo diretor, estava aguardando-o. O moço caminhava com dificuldade e seu semblante não era altivo como quando havia saído. Após um despencar de lágrimas e soluços, ele conseguiu falar:

- Posso voltar para cá?

- Mas o que um grande pregador como você iria fazer aqui? – disse o diretor sem acusação na voz.

- Quero servir. Só isso.

- Acho que você está começando a amadurecer.

O diretor abraçou o moço e o acompanhou até o quarto, o mesmo quarto, e para a mesma beliche. Uma festa estava acontecendo no céu.

Muitos anos se passaram. Hoje este moço se tornou um pai de família, tem um bom emprego e nos finais de semana e às noites está com sua esposa e seus filhos nos cultos ouvindo a palavra e adorando a Deus. Ele já levou muitos à Cristo no seu trabalho. Ele já trouxe muitos viciados em drogas para Cristo. Ele está envolvido e tudo o que pode na igreja de onde ele é membro. Ele é um ajudante e amigo de seu pastor. Quando lhe dão oportunidade ele prega. Ainda prega com muita unção. Não faltam aqueles que vêm lhe dizer que ele prega melhor do muitos pastores. Quando ouve isso, ele passa a mão nas cicatrizes de seu corpo e se lembra. Seu trabalho é servir.
É... Ele amadureceu.

Esta história não é baseada em fatos reais...

... ela é real.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

O desastre que não terminou


Aos 4 anos, ele foi tirado da casa dos pais pela janela para não ver o cadáver da avó, que caíra vítima de enfarte fulminante.O terror daquela morte não presenciada o levaria, anos depois, ao curso de medicina da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. E o faria trocar o departamento de gastroenterologia do Hospital do Servidor Público Estadual, em São Paulo, pela psiquiatria e a psicologia.

Aos 66 anos, Sergio Perazzo é professor da Sociedade de Psicodrama de São Paulo e autor de Descansem em Paz os nossos Mortos dentro de Mim, livro pioneiro no Brasil sobre o processo de luto. Em sua atividade clínica, atendeu parentes das vítimas do Fokker 100 da TAM que caiu em São Paulo em 1996. E enfrentou a tragédia pessoal do suicídio do irmão.

A seguir, Perazzo fala do acidente com o Airbus da Air France em que 228 pessoas simplesmente desapareceram. E diz que a dúvida sobre as causas do desastre pode prolongar o luto e a dor de suas famílias.

O impacto

"Quando uma tragédia como a do avião da Air France acontece, é a concretização de um medo que todos temos: o de estar amarrado a uma poltrona, impotente diante da iminência da morte. Não adianta dizer que a porcentagem de desastres aéreos é muito menor que a dos acidentes de trânsito. Afinal, morreram 228 pessoas de uma só vez. Lembro de um amigo que dizia: ‘Estatística é se afogar em um rio com profundidade média de 50 centímetros’. O fato de a Air France ter disponibilizado uma equipe de psicólogos e psiquiatras para cuidar das famílias é um avanço. Primeiro, é preciso acolher as pessoas. Não é dizer: ‘Seja forte, reaja’. Mas deixar que a pessoa chore, expresse sua dor.

A ausência

"O desaparecimento dos corpos e a dúvida sobre as causas da tragédia são um elemento complicador do luto. A família precisa da prova concreta da morte dessa pessoa. As situações em que o corpo desaparece, se desintegra, são muito difíceis de trabalhar. E a tendência é o luto se prolongar. É o drama vivido até hoje pelas famílias de mortos e desaparecidos durante a ditadura militar no Brasil.

Negar até a morte

"A morte súbita em acidente aéreo ou em um assalto - outra situação com que me defrontei várias vezes na clínica - contraria o que esperamos da vida. Deixa frases por dizer, declarações de amor nunca feitas, gestos perdidos para sempre. Daí a inconformidade diante desses acontecimentos. Veja a morte de Carlos Gardel, também em um acidente de avião: seus fãs, durante anos, alimentaram a expectativa de que ele reapareceria, cantando. O mesmo ocorreu o mito Elvis Presley, também morto repentinamente.

Longe de casa

"Quem melhor estudou o comportamento do homem diante da morte foi o historiador francês Philippe Ariès. Ele mostra que transformações intensas na forma de lidar com a morte aconteceram no século 20. Os rituais de morte se afrouxaram e os moribundos foram afastados do convívio familiar. Antes da 2ª Guerra Mundial, em Nova York, menos de 25% das pessoas morriam internadas nos hospitais. Depois da guerra, esse número subiu para 75%. Hoje, diante da velocidade da vida moderna, é cada vez mais complicado lidar adequadamente com a doença e a morte.

O enterro dos outros

"Quando me formei na UFRJ, saíamos para fazer atendimento de ambulância, o que se chama de resgate hoje. Uma das maiores dificuldades que tínhamos era afastar os curiosos para colocar a vítima dentro do carro. As pessoas ficavam literalmente debruçadas sobre o acidentado. Eu era obrigado a entrar antes na ambulância, sentar no banquinho ao lado da maca e, naquele calor do Rio de Janeiro, fechar todas as janelas. Senão, enfiavam a cabeça lá dentro para ver o que estava acontecendo. É algo que também se manifesta na morte de ídolos populares, como Ayrton Senna, Elis Regina e Tancredo Neves. Na minha infância, vi três enterros impressionantes, que marcaram época no Rio de Janeiro: o de Francisco Alves, Carmen Miranda e Getúlio Vargas. A cidade parou para ver os cortejos. Isso se explica, em parte, pelo peso histórico de quem morre, mas é também um deslocamento: a catarse da emoção de quem não chorou seus mortos como deveria e a transfere para um defunto público.

Química contra a dor

A última lista de antidepressivos que consultei tinha 87 produtos diferentes. Nenhum médico pode ser contra a medicação, como eu não sou. Mas ela tem que ser ministrada o mínimo possível, dentro de um diagnóstico apropriado. Eu não daria antidepressivo para uma pessoa que acaba de perder um parente. Porque estar deprimido é normal nessa circunstância. Claro que, em situações de luto prolongado - com duração de mais de um ano, ou mais - o uso pode ser considerado, para reduzir a crise enquanto se trabalha o luto na psicoterapia.

Passageiros da agonia

"Já tratei de parentes que perderam pessoas em acidentes aéreos, como o do avião da TAM em 1996. Naquela ocasião, como vários corpos foram recuperados, a parte mais traumática para os familiares era o reconhecimento. É uma imagem que a pessoa não apaga mais. Vivi essa situação pessoalmente quando meu irmão mais novo se suicidou pulando do sétimo andar do prédio onde morava. Fiquei dois anos sem conseguir colocar os pés na minha varanda porque a visão de meu irmão morto me vinha à cabeça. Isso me ajudou a entender o que sente uma pessoa nessa situação e sempre me auxilia na prática clínica.

A caixa-preta

"Nós sempre procuramos um culpado. Quando a morte se dá no hospital, a primeira coisa que se pensa é em erro médico. Filhos que perdem o pai se angustiam por não terem dado atenção ao mal-estar que ele sentiu dias antes. Ou o sujeito que sofre um acidente ao lado de alguém sem cinto de segurança culpa-se por não ter insistido para que ele o usasse. Quando meu irmão morreu, pensei: ‘Se tivesse visto que ele estava deprimido, podia tê-lo ajudado’. Mas é preciso aceitar que a morte existe para todos e ninguém é Deus para evitá-la. Em um acidente aéreo, não é diferente: a gente fica procurando a caixa-preta que vai explicar os fatos e nos isentar de toda culpa.

Superação

"Há alguns sinais. A pessoa volta a sorrir, é capaz de falar do morto sem sofrimento e até de contar uma história divertida que aconteceu com ele. É quando a morte vira história incorporada. Não é um processo de esquecimento da pessoa perdida. Muito pelo contrário: é a absorção de sua lembrança, que encontra lugar na história de vida de quem o perdeu. Quando meu irmão se matou, minha mulher e eu dissemos para a nossa filha pequena que ele havia morrido de enfarte. Passamos muito tempo sem tocar no assunto. Um dia, estávamos jantando e, por uma razão qualquer, mencionei seu nome. Então, minha filha falou: ‘Ah, sei, o tio Nando, né?’ E fez com os dedos o gesto de um bonequinho se atirando da mesa para o chão. Ela sabia. Foi a primeira vez que ri do suicídio do meu irmão. A partir daí, pude voltar à varanda que me aterrorizava. Entendi que tinha completado o luto naquele momento."

Ivan Marsiglia

terça-feira, 9 de junho de 2009

No território do inimigo


E saiu Diná, filha de Léia, que esta dera a Jacó, a ver as filhas da terra. E Siquém, filho de Hamor, heveu, príncipe daquela terra, viu-a, e tomou-a, e deitou-se com ela, e humilhou-a – Gn 34.1,2

Toda confusão começou quando ela resolveu visitar as moça daquela terra. Mas que terra era aquela? Era uma terra onde se praticava sacrifícios humanos, prostituição, incesto, zoofilia, barbaridades. Mas, ela ficou curiosa à respeito das moças daquela terra. Curiosidade nada sadia aquela! A curiosidade é algo que, se voltada para coisas boas nos faz até crescer. Mas quando o alvo de nossa curiosidade são as coisas ruins, ela acaba se tornando a porta para experiências traumáticas em nossas vidas.

Muitos foram visitar as filhas desta terra porque quiseram saber qual a sensação que as drogas causam. Outros desejaram saber como é uma casa de prostituição por dentro. Outros sentiram a curiosidade de saber o sabor de outra carne. E por ai vai...

É da curiosidade que surgem os relacionamentos perigosos e, são dos relacionamentos perigosos que surgem os maus costumes. Há uma falsa segurança que faz com que pessoas se associem com pessoas de índole ruim por acharem que ninguém faz sua cabeça. Mas, só pelo fato de se sentir mais a vontade na presença de pessoas assim, mostra que a pessoa já tem uma pré-disposição para o mau caminho. É isso ai. Nós atraímos e somos atraídos por pessoas da mesma qualidade que nós. As pessoas com quem andamos e nos atraímos falam muito sobre quem nós somos.

Naquela terra, Diná foi desonrada. O príncipe desta terra se aproveita de quem vai passear em seu território. Ele sabe como fazer estas pessoas passarem vergonha e serem humilhadas.
Não estou defendendo uma atitude farisaica de se afastar de todo aquele que não trilha o mesmo caminho que nós. Já escrevi algumas vezes aqui sobre nosso papel de sal e luz. Mas, falo sim, da diferença entre levar nossa luz em meio às trevas e deixar que as trevas apaguem nossa luz. Falo aqui do sal perdendo o sabor. Falo aqui da atitude de sair de debaixo da sombra protetora do altíssimo, por se sentir prisioneiro de Deus, para visitar os filhos desta terra. A palavra usada para visitar (ra’ah) significa ver, examinar, inspecionar, perceber, considerar. Diná não foi ali para levar luz. Ela foi ali para receber do que filhas da terra tinham, e, infelizmente recebeu. Lugar errado, motivo errado, hora errada.

Que Deus nos guarde.

Pr Edmilson

segunda-feira, 8 de junho de 2009

QUEM PODE ENTENDER O CAMINHO DE UM HOMEM COM UMA MULHER?...‏



Há três coisas que são maravilhosas demais para mim; sim, há quatro coisas que não entendo: o caminho da águia no céu, o caminho da cobra na penha, o caminho do navio no meio do mar, e o caminho de um homem com uma mulher (Pv 30.18,19).

A confissão da Sabedoria no livro de Provérbios nos diz que um dos mais indevassáveis mistérios humanos nesta existência é o caminho de um homem com uma mulher.

Quando há amor, encontro, desejo, vínculo, irmandade, jugo existencial dividido justa e harmonicamente; quando o que os vincula é mais forte do que a morte; quando dois se fazem um em uma simbiose sadia; quando suas mentes vão se tornando uma só; quando seus sonhos na vida se tornam comuns; quando seu tesouro é um ter o outro; quando até os filhos são menos do que os dois são um para o outro; quando até os desencontros os aproximam mais... — então, diz a Sabedoria, se está diante de um mistério...: o caminho de um homem com uma mulher...

O que faz tal encontro que faz encontrar... acontecer como encontro real e definitivo?

Ora, é na confissão de ignorância que a Sabedoria lança luzes sobre o fenômeno...
Sim, é pelas coisas que são maravilhosas demais para serem entendidas [três coisas...] que o sábio busca luz para melhor discernir o mistério mais profundo, que é mais que “maravilha”..., sendo de fato aquilo que não entendemos...: o caminho de um homem com uma mulher.
Dentre as coisas maravilhosas demais, diz o sábio, há três que o deixam perplexo...

O caminho da águia no céu...

É caminho altaneiro, com direção e objetivo, com olhar que vê ao longe, com visão perspectiva e prospectiva, com intenção de trazer comida ao ninho, com o instinto de que os bens ganhos devem ser divididos com quem espera por nós no ninho feito nas alturas da esperança...

Além disso, é um caminho leve, entregue ao vento, capaz de planar, de se deixar levar, de descansar no tapete do vento enquanto olha o que pode ser alimento e vida...

Desse modo, o caminho da águia no céu é feito de direção e objetividade de propósitos, tanto quanto é feito de leveza e de confiança no vento; e mais: leva em si o paradoxo de ser objetivo e, ao mesmo tempo, leve e solto...

O caminho da cobra na penha...

É caminho na rocha, por isto é uma vereda sem marcas e sem pegadas... Não há rastros... Não há manchas para trás... Sim, as marcas são as da não marcas... Sim, trata-se da vereda que não traumatiza e não assusta para o mal... Não há surpresas... Não há marcas “paralelas”... De fato, não há pegada alguma...

O caminho do navio no meio do mar...

É o caminho de quem não se assusta com as vagas, os vagalhões, com as ondas gigantes, com os monstros marinhos, e com o abismo...

Sim, é caminho que se guia [no passado...] apenas pelos céus, pelos mapas escritos nas estrelas, pelas veredas feitas de marcas superiores; acima, fixas, imutáveis...; e, por isto, mesmo não entendendo o mar, o marinheiro de três mil anos atrás singrava a morte dos oceanos apenas olhando para os céus...

Ora, são essas “maravilhas” que iluminam o mistério do caminhar entre um homem e uma mulher...

Sim, pois o caminho de um homem com uma mulher não é para ser entendido ou anatomizado...
Não! O caminho de um homem com uma mulher é para ser vivido, não para ser explicado...
Aliás, relações que se explicam muito têm quase sempre nada em si mesmas...
Os vínculos que perduram são os que estão para além de qualquer explicação humana...
É!... São... Basta ser...

Entretanto, embora eu não entenda o caminho de um homem com uma mulher, sei, todavia, que seu modo é como o da águia no céu, como o da cobra na rocha e como do navio solto no meio do oceano há mais de três mil anos...

Portanto, o que faz possível o misterioso caminho de um homem com uma mulher, à semelhança da vereda da águia, é sua decisão de caçarem juntos, de buscarem as mesmas coisas, de se referenciarem pelo mesmo monte, pelo mesmo ninho, pelos mesmos filhos, pela mesma noção intrínseca de objetivo, propósito e direção... Isto, ao mesmo tempo em que se confia também no vento, no improviso, na flexibilidade, nas correntes de ar, na leveza enquanto de busca o objetivo comum...

Do mesmo modo o caminho de um homem com uma mulher não se explica, mas se maravilha ante a possibilidade de se viver uma vida sem marcas alheias, sem manchas, sem passado ou presente de traição, sem mágoas, sem trilhas estranhas...

Quem anda na rocha não deixa marcas para trás...
Quem, como uma cobra, anda na rocha, menos marcas ainda deixará para trás...
Assim, o caminho de um homem com uma mulher será tão mais misterioso quanto mais limpo e simples ele seja...

Além disso, o caminho de um homem com uma mulher é apenas possível ante a escuridão dos fatos, da vida, da turbulência da existência, das vagas imensas e das subitezas de toda sorte de tempestades... — se o caminho for feito acima do imediato e dos seus monstros inevitáveis; e isso só é possível quando os “marinheiros” desta travessia olham e se guiam apenas pelos sinais dos céus...

Havendo tais coisas, apesar de misterioso e inexplicável, o caminho de um homem com uma mulher será possível...

Sim, com direção e leveza, com andar limpo e sem marcas e manchas, com orientação que transcenda os tumultos do imediato e de seus oceanos de perigo...

Ora, sem tais coisas não vale a pena entregar-se à aventura...

Seria como uma águia sem rumo e sem direção...; como uma cobra na lama, atolada e cheia de marcas de suas revolvencia...; ou como um navio antigo, há milhares de anos, insistindo em viajar por mares perversos sem olhar para o único meio possível de orientação: os céus!...

Hoje, muitos querem o caminho de um homem com uma mulher, mas, sem a direção comum, sem a leveza no processo, sem a limpeza no andar, sem os céus a guiar...

Portanto, o que tais pessoas têm é apenas a rapinagem da águia sem ninho e sem compromisso com filhotes e com aquela que deles cuida; sem a honra de um caminhar que não tem o que esconder; sem o olhar superior que vence o mundo... — e, apesar de nada disso haver neles e para eles..., querem assim mesmo que o caminho seja maravilhoso, misterioso e lindo...
Sem direção e leveza, sem pureza e simplicidade, sem os mapas do céu... — o que sobra é o abismo, não o mistério...

Não se deve brincar com tais coisas...

Loucos ou loucas são todos aqueles que dão as mãos para fazerem a viagem juntos..., mas sem o compromisso com os objetivos comuns e com leveza do fazer; sem a pureza do andar, e sem o mapa superior, que, para nós, é o Evangelho: único caminho seguro para que alguém se atreva a atravessar os oceanos...

Esta viagem... é apenas para aquele que tem no coração as veredas superiores, o caminho de cima...

É assim que é...
E quem não andar assim, não deve tomar ninguém pela mão e propor viagem alguma...
Sim, que pelo menos se perca..., se suje... e se abisme sozinho pelas vias da existência..., mas não leve uma vítima para o nada...

Nele, em Quem e de Quem vem tal sabedoria,

Caio

Consulta


Esta mensagem foi dedicada a mim e igreja Batista Beréia pelo meu amigo Leonardo do amigosdofreud. Leo, valeu!

Fui à clínica do Senhor para fazer uma consulta de rotina. E constatei que estava enfermo.

Quando Jesus me tomou a pressão, viu que estava baixa de ternura.

Ao medir-me a temperatura, o termômetro registrou 40º C de ansiedade.

Me fez um eletrocardiograma e o diagnóstico foi que necessitava bombear mais amor, pois as minhas artérias estavam bloqueadas de solidão e saudade, e não abasteciam meu coração vazio.

Passei pela ortopedia, já que não podia caminhar ao lado do meu irmão, e tampouco dar um abraço fraternal, porque havia me machucado ao tropeçar nos problemas.

Também me diagnosticou miopia, já que não podia ver mais nada além das coisas negativas do meu próximo.

Quando me queixei de surdez, Jesus disse que eu havia deixado de escutar Sua voz a cada dia.

É claro que Jesus me deu uma consulta gratuita e, graças à Sua misericórdia, prometo que ao sair desta clínica, tomarei somente os medicamentos naturais que me receitou através da Sua verdade.

Ao levantar-me, beber um copo de agradecimento.

Ao chegar ao trabalho, tomar uma xícara de paz.

A cada hora, ingerir um comprimido de paciência e uma cápsula de humanidade.

Ao chegar em casa, injetar uma dose de amor.

E, antes de dormir, tomar duas doses de consciência tranquila.

Não se deprima nem se desespere pelo que está vivendo hoje. Jesus sabe o que você sente. Ele sabe perfeitamente o seu limite e não deixará passar deste ponto.

O propósito de Jesus para você é admiravelmente perfeito. Ele deseja lhe mostrar muitas coisas que somente compreenderia estando exatamente no lugar onde está e na exata condição que vive agora neste lugar.

Que Jesus o abençôe sempre!

Dedicado especialmente ao Pastor Silas Alves e aos amigos da Igreja Batista Beréia

sábado, 6 de junho de 2009

A SUPREMA IMPORTÂNCIA DA IGREJA


A igreja é o povo chamado do mundo para ser propriedade exclusiva de Deus. É o povo separado do pecado para viver em santidade, tirado das trevas para ser luz entre os povos. A igreja é o templo da habitação de Deus, a noiva do Cordeiro, a coluna e baluarte da verdade. A igreja de Deus transcende a qualquer denominação, cultura ou fronteira geográfica. Ela é composta de todos aqueles que foram salvos em Cristo, em todos os lugares, em todos os tempos, dentre todos os povos. Não há salvação fora dessa igreja. Por isso, falamos da igreja visível e da igreja invisível. A visível é composta de pessoas convertidas e não convertidas. Na igreja visível há trigo e joio. Mas, na igreja invisível só estão arrolados aqueles que foram lavados no sangue do Cordeiro, cujos nomes estão escritos no livro da vida.

Há várias figuras sobre a igreja nas Escrituras. Queremos, aqui, à luz de 1Coríntios 3.1-17, destacar três dessas importantes figuras:

1. A igreja é uma família (1Co 3.1-5) - A igreja é uma família, composta de crianças espirituais e também de pessoas adultas na fé. Aqueles que nascem de novo precisam crescer rumo à maturidade, até chegarem à plenitude da estatura de Cristo. O propósito dessa família é atingir a maturidade espiritual. E o instrumento que leva essa família ao amadurecimento na fé é a Palavra de Deus. A Palavra de Deus é vista como alimento, leite para as crianças e alimento sólido para os adultos. O apóstolo Paulo diz que onde há ciúmes e contendas há evidência de imaturidade espiritual (1Co 3.3). Onde há partidos e grupos há sinais claros de meninice espiritual (1Co 3.4). Onde há culto à personalidade não pode existir maturidade na fé (1Co 3.5). A igreja de Corinto estava dividida em vários grupos (1Co 1.10-13). Havia naquela igreja disputa entre esses grupos e até ciúmes entre os irmãos. Paulo diz que essas atitudes revelavam carnalidade e infantilidade espiritual (1Co 3.1-3). A igreja precisa ser uma família unida, com uma só mente, uma só alma, um só propósito. A família precisa crescer rumo à maturidade!

2. A igreja é uma lavoura (1Co 3.6-9a) - Paulo passa da metáfora da família para a figura da lavoura. A igreja é a lavoura de Deus, o campo de semeadura de Deus e o alvo da lavoura é a quantidade. Para alcançar esse propósito a Palavra de Deus é a semente. No processo do crescimento da lavoura três atividades são necessárias: o plantio, o cuidado e o crescimento. Paulo diz: "Eu plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de Deus" (1Co 3.6). Uma verdade bendita salta aos olhos aqui: a interação entre a ação humana e a divina. Paulo planta, Apolo rega e Deus dá o crescimento. Não há crescimento de uma lavoura que não foi plantada. Não basta plantar, é preciso regar. O trabalho humano, porém, embora vital, não pode por si mesmo produzir o crescimento da igreja. Essa é uma ação exclusiva de Deus. Só ele pode acrescentar à igreja os que são salvos.

3. A igreja é um santuário (1Co 3.9b-17) - Paulo depois de falar da igreja como uma família e uma lavoura, passa a falar dela como um santuário. Se o propósito da família é a maturidade e o alvo da lavoura é a quantidade, o propósito do santuário é a qualidade. O instrumento para edificar esse santuário é também a Palavra. Numa superposição de imagens, somos tanto os edificadores desse santuário (1Co 3.10) como o próprio santuário (1Co 3.16,17). Esse santuário tem um fundamento que não pode ser mudado. O fundamento é Cristo (1Co 3.11). Esse santuário precisa ser construído com material nobre e imperecível (1Co 3.12). Esse santuário, que somos nós, povo remido pelo sangue de Cristo, é a própria morada de Deus (1Co 3.16), e, por isso quem destruir esse santuário, que é sagrado, será destruído pelo próprio Senhor (1Co 3.17). Somos a família de Deus, a lavoura de Deus e o santuário de Deus. Que sejamos maduros na fé, frutificando em toda a boa obra, buscando fazer tudo com excelência para a glória de Deus.

Rev. Hernandes Dias Lopes

quarta-feira, 3 de junho de 2009

o contrário de aprender é culpar


Certo ministro do evangelho disse em uma pregação que o contrário de aprender é culpar. Seu nome é Tim Redmand. A princípio essa informação parece não proceder. Porque o contrario de aprender é culpar? Em sua pregação ele falava a respeito de uma experiência vivida com um de seus filhos ainda criança. O caçula bateu no mais velho, ele flagrou a cena e chamou a atenção do filho perguntando-lhe se ele havia batido no irmão, ao que estranhamente respondeu que não havia feito aquilo. De forma alguma havia batido no irmão. Chorava e afirmava que não havia feito aquilo e o ministro dizia: - não minta para mim, eu vi você bater no seu irmão. Mas ele continuava: - não papai, eu não bati nele. Foi minha mão que bateu nele, não fui eu!

O pequeno estava querendo sair da situação sem levar a culpa, para isso ele culpou a mão. Parece simplesmente coisa de criança, mas não é. O contrário de aprender é culpar! Sem admitir a culpa ele ficava numa situação confortável de se sentir aliviado do peso da culpa, mas não aprenderia que assumir a responsabilidade dos próprios atos o levaria a aprender algo com aquela situação. Não admitir a culpa do ato cometido é confortável, mas causa deformidade no caráter.

Você deve estar se perguntando o que isso tem a ver com você. Tem tudo a ver querido, comigo e com você. Quantas vezes não reclamamos que as coisas não estão dando certo porque é culpa do marido, da sogra, do cunhado, da tia, da avó, do filho, do pastor, da igreja, do patrão. A culpa é do governo, do clima, da cidade, de Deus, mas não é sua culpa. A perfeição chegou ai e ficou não é mesmo? O contrário de aprender é culpar!

É assim mesmo querido? Ta todo mundo errado menos você? Melhor rever seus conceitos. É confortável a sua posição de encontrar erro em todo mundo menos em você, mas isso não significa que você está certo. Faça uma auto-análise.
Eu lembro de um exemplo muito conhecido na bíblia de alguém que queria ficar isento da culpa, mas na verdade era tão responsável por seus atos quanto qualquer pessoa. Pilatos quis se isentar da responsabilidade de mandar Jesus pra morrer, note que ele quis culpar somente os judeus, mas foi tão culpado quanto qualquer outro (Lucas cap. 23).

Não é confortável admitir erros, mas você pode aprender admitindo seus erros e conduzindo outras pessoas a não cometerem os mesmos. Seja sábio, não aos seus próprios, mas aprenda a sabedoria que vem do alto. Quando você parar de culpar vai passar a aprender e se tornar alguém melhor.

Para meditar em algo que trará clareza: Salmo 119:105 e Provérbios 6:23.

Luclécia Silva

segunda-feira, 1 de junho de 2009

COMO VIVER SEM MÁSCARAS


O carnaval é a maior festa popular do Brasil, e talvez, do mundo. Nessa festa da extravagância e dos excessos, muitas pessoas saem às ruas usando máscaras. Algumas dessas pessoas escondem-se atrás das máscaras; outras se revelam por meio delas. Uma máscara é tudo aquilo que esconde ou encobre a nossa verdadeira identidade. É importante ressaltar que existem máscaras tangíveis e intangíveis; algumas cobrem o rosto; outras tentam disfarçar as atitudes da alma.

De certo modo todos nós usamos máscaras. Aquele que diz que nunca usou uma máscara, possivelmente esteja acabando de afivelar uma no rosto, a máscara da mentira. O problema das máscaras é que elas proclamam uma mentira ou escondem uma verdade. Quando usamos máscaras, as pessoas passam a amar não quem nós somos, mas quem nós aparentamos ser. As máscaras também não são seguras. Por melhor que nós as afivelemos, elas podem cair nas horas mais impróprias e nos deixar em situação de total constrangimento.

Queremos mencionar aqui algumas máscaras usadas ainda hoje.

1. A máscara da piedade - O apóstolo Paulo, ensinando sobre a doutrina da Nova Aliança, diz que podemos ser ousados em vez de agir como Moisés que pôs um véu sobre a face para que as pessoas não atentassem para a glória desvanecente em seu rosto. Quando Moisés subiu o Monte Sinai para receber as Tábuas da Lei, ao regressar, seu rosto brilhava. As pessoas não podiam olhar para ele. Então, ele colocou um véu em sua face para que as pessoas pudessem se aproximar e falar com ele. Mas houve um momento em que Moisés percebeu que a glória estava acabando. Ele não precisava mais do véu, porém, ele continuou com o véu, porque não queria que as pessoas soubessem que sua glória era desvanecente. Muitas vezes, somos parecidos com Moisés. Tentamos impressionar as pessoas com uma espiritualidade que não temos. Aparentamos ser mais crentes, mais piedosos do que na verdade somos.

2. A máscara da autoconfiança - O apóstolo Pedro era um homem impulsivo. Falava para depois pensar. Quando Jesus declarou que seus discípulos iriam se escandalizar com ele e iriam se dispersar, Pedro não titubeou e foi logo dizendo que ainda que todos o abandonassem, ele jamais o faria. Disse ainda que estava pronto para ir com Jesus para a prisão ou até mesmo para a morte. Pedro julgou-se forte e até melhor do que seus pares. Porém, naquela mesma noite, Pedro fraquejou e dormiu quando Jesus pediu para ele vigiar. Pedro abandonou a Jesus e seus condiscípulos e infiltrou-se na roda dos escarnecedores. Pedro negou, jurou e praguejou, dizendo que não conhecia a Jesus. A máscara de sua autoconfiança caiu quando Jesus olhou para ele. Então, ele caiu em si e desatou a chorar.

3. A máscara do legalismo - Um legalista é inflexível com as outras pessoas, mas condescendente consigo. Ele enxerga um cisco no olho de seu irmão, mas não vê uma trave no seu. O legalista preocupa-se mais com a forma do que com a essência. Cuida mais da aparência do que do interior. Os fariseus eram legalistas. Eles eram fiscais da vida alheia, mas descuidados com sua intimidade com Deus. Eram bonitos por fora, mas feios por dentro. Jesus os comparou a sepulcros caiados, limpos por fora, mas cheios de rapina por dentro. Os fariseus eram hipócritas. Eles eram atores que representavam no palco um papel diferente daquele desempenhado na vida real.

A vida cristã é uma contínua remoção das máscaras. A Bíblia diz que onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade; não liberdade para fazer o que queremos, mas liberdade para vivermos na luz. Pela obra de Cristo e pela ação do Espírito, podemos viver sem máscaras, sendo transformados de glória em glória, até atingirmos a estatura de Cristo, o Varão Perfeito.

Rev. Hernandes Dias Lopes

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