terça-feira, 21 de julho de 2009

Uns são e Unção!


Pr. João A. de Souza Filho

Nestes últimos dias ouvimos experiências, as mais diversas, de pessoas que testemunham que receberam algum tipo de unção. Unção do leão, unção da águia, unção dos quatros seres viventes – imagine o que poderiam fazer com unção assim – unção da lagartixa, etc. Só não ouvi testemunho algum de alguém que tenha recebido unção do quebrantamento, unção da obediência, unção da paz, etc.

Isso tem me preocupado, porque analisando as experiências de homens de Deus tanto no Antigo como no Novo Testamento não encontro este tipo de unção. Encontro homens ungidos, capacitados, que operam milagres de Deus na terra; homens e mulheres com unção, mas não uma unção específica. Folheando os arquivos da história da igreja também nos deparamos com muita unção; gente que viveu as mais estranhas experiências espirituais, mas nunca uma unção específica. Eram pessoas ungidas com o Ungido.

Explico. É que na Bíblia não encontramos tipos específicos de unção. Encontramos ungidos com a Unção!

Mas o que é unção? João responde: “E vós tendes a unção que vem do Santo e todos tendes conhecimento... Quanto a vós outros, a unção que dele recebestes permanece em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina a respeito de todas as coisas, e é verdadeira, e não é falsa, permanecei nele, como também ela vos ensinou” (1 Jo 2.20,27).

Esse é um dos únicos textos da Bíblia que fala da unção como uma coisa concreta, não um fluído, um som, um vento. Ainda que na experiência de se ter o Espírito Santo a sensação que se sente mexe com a alma, as emoções, o que se recebe é algo concreto; recebe-se a própria Pessoa do Espírito Santo que passa a residir em nós!
João deixa claro que a unção vem de Deus; que ela traz conhecimento; que nos ensina, e que não é falsa. Isto posto, transparece a idéia de que existe unção que é falsa, que não vem do Santo e que não traz conhecimento!

Algumas coisas que precisamos entender.

Primeiro. A unção é uma experiência que começa na conversão. É quando o Espírito de Deus passa a residir em nós. “Em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor da nossa herança, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória” (Ef. 113). Ouro texto: “Mas aquele que nos confirma convosco em Cristo e nos ungiu é Deus, que também nos selou e nos deu o penhor do Espírito em nosso coração” (2 Co 1.21-22). E ainda: “E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção” (Ef 4.30). Nestes textos, vemos que eles falam do Espírito Santo, como uma garantia para a salvação, que nos “carimba”, que nos sela, marcando o objeto de sua posse. Aqui a unção é um selo.

Segundo. Os discípulos receberam o Espírito Santo a primeira vez em João 20.22, e depois foram cheios novamente em Atos 2.4 e depois novamente em Atos 4.31! Ser cheio do Espírito Santo uma vez não garante unção para sempre. Precisamos ser cheios do Espírito Santo todos os dias, continuamente! É algo que ocorre “mediante o seu Espírito no homem interior” (Ef 3.16) e que deve ser cultivado de nossa parte, para que nos enchamos sempre do Espírito. “Enchei-vos do Espírito”, diz Paulo (Ef 5.18).

Terceiro. Se a unção é algo concreto que recebemos de Deus – por que, então, perdemos o vigor do Espírito, ou sentimos que vazamos da unção? Uma das respostas está em Efésios 4.30. Nós o entristecemos! E as razões porque o Espírito Santo se entristece em nós está escrito em Efésios 4.25 a 29, e depois dos vv. 31-32. Há outros exemplos de entristecimento do Espírito Santo. Paulo aconselha: “Não apaguem o Espírito”!

Quarto. Em 1 João 2.20,27 unção é conhecimento divino. A presença do próprio Espírito Santo.
Quinto. Unção é também separação como nos Salmos 45.7; 89.20. Jesus foi separado, ou ungido pelo Pai, conforme Isaías Is 61.1 fato que se cumpriu em Lucas 4.18. Os utensílios do templo eram “ungidos”, isto é, separados! Em 1 Crônicas 16.22 refere-se a separação de todo o povo de Deus!

Finalmente unção é delegação de autoridade (1 Sm 16.12-23 na unção de Davi e 1 Rs 1.39 na unção a Salomão e que depois é ungido novamente (1 Cr 29.22). – Aqui um precedente: Pode-se ungir (autorizar uma pessoa) várias vezes perante o povo para que este respeite a autoridade de Deus sobre ela!

Conclusão: Unção é Habitação de Deus em nós. Unção é inteligência de Deus em nós; é separação. É delegação de autoridade! A unção é completa e não se manifesta apenas como leão e águia, símbolos de força e altivez, mas como bezerro e homem, símbolos da humildade e de humanidade!

Se alguém teve uma experiência com o Espírito Santo e a experiência a deixou orgulhosa, insubmissa, rebelde, achando que é melhor que os outros; posso garantir que é falsa e que não veio do Espírito da verdade! A verdadeira experiência com o Espírito Santo nos deixa mais humildes, serviçais e nos faz calar.

Unção, portanto, é a Presença do Espírito Santo em nós. Alguns, no entanto, confundem unção com manifestações. A unção pode vir acompanhada de todo tipo de manifestações, mas nem sempre as manifestações significam que temos unção. Às vezes uns são!

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